ÁREA DO PROFESSOR





Sequência de atividades

São planejadas e orientadas com o objetivo de promover uma aprendizagem específica e definida. São sequenciadas com intenção de oferecer desafios com graus diferentes de complexidade para que as crianças possam ir paulatinamente resolvendo problemas a partir de diferentes proposições. Estas sequencias derivam de um conteúdo retirado de um dos eixos a serem trabalhados e estão necessariamente dentro de um contexto específico.
Por exemplo: se o objetivo é fazer com que as crianças avancem em relação à
representação da figura humana por meio do desenho, pode-se planejar várias etapas de trabalho para ajudá-las a reelaborar e enriquecer seus conhecimentos prévios sobre esse assunto, como observação de pessoas, de desenhos ou pinturas de artistas e de fotografias; atividades de representação a partir destas observações; atividades de representação a partir de interferências previamente planejadas pelo educador etc.
                                              
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A CONSTRUÇÃO DE AMBIENTES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Joinville, 25 de março de 2014.


Caros Diretores,


O texto abaixo serve para a reflexão de Gestores e Professores sobre como o currículo está sendo desenvolvido na instituição. Isso pressupõe um trabalho coletivo de análise e avaliação profunda sobre o Projeto Político Pedagógico. Mas será que é esse o trabalho que realmente fazemos todos os anos ao revisarmos o PPP?

O CEI COMO AMBIENTE DE VIVÊNCIA E DE APRENDIZAGEM

Vamos refletir sobre maneiras como cada professor pode elaborar, desenvolver e avaliar seu roteiro de ações didáticas à luz das propostas contidas nas DCNEI. Vamos lá!
Arranjar os ambientes de vivência e aprendizagem, na Educação Infantil, envolve organizar situações de aprendizagens que instiguem as crianças a cons­truir e partilhar novas formas de ação e novos significados, com um número cada vez maior de parceiros, sob o olhar do professor apoiando suas iniciativas, respeitando e ampliando seus interesses.
Na Educação Infantil, a qualidade pedagógica de um ambiente é resultado de múltiplos fatores que devem ser considerados pelo pro­fessor, em especial:

a) as possibilidades criadas para as crianças manipularem, pro­duzirem, exporem seus trabalhos, organizarem situações, imaginarem, tudo isso por meio de experiências interessantes, organizadas e apoiadas em materiais e em instruções claras;

b) a organização dada ao espaço físico - seu formato, sua or­ganização funcional e suas qualidades sensoriais (presença de cores, formas, espelhos, transparências, tecidos e outros materiais), além da presença de elementos da natureza e de múltiplas culturas;

c) o modo como as crianças utilizam esse ambiente, como cam­po de exploração e de criatividade, e como cada criança o considera como ambiente de alegria ou de medo, de inibição ou descoberta, de amizades ou rivalidades.

Iremos a seguir conversar sobre cada um desses elementos. Toda­via é muito importante reconhecer que eles atuam de maneira articu­lada, na promoção de aprendizagens específicas.

1. A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO NOS AMBIENTES DE APRENDIZAGEM

O tempoé um aspecto integrante do planejamento didático, pois possibilita às crianças viverem dois movimentos fundamentais, o de repetição do conhecido e o de contato com a novidade.
Organizar o tempo de cada atividade e a passagem de uma ativi­dade para outra, diminui o tempo de espera da criança entre as ativi­dades e torna flexível o período de realização das mesmas, para aten­der os diferentes ritmos infantis.
Com base na proposta pedagógica da instituição e considerando as aprendizagens selecionadas, para o grupo de crianças, os professores podem planejar momentos que contenham atividades:

       De higiene, alimentação, repouso;
       Coletivas (ritos de chegada e de saída, contações e leitura de histórias,rodas de conversa, pátio, celebrações e grandes festas);
       Diversificadas (tais como brincadeiras e atividades realizadas em pequenos grupos, ou individualmente, com supervisão do professor);
       Coordenadas pelo professor (a roda de conversa, a hora da his­tória, passeios, visitas, oficinas de artes etc.);
       Em que as crianças podem se envolver livremente, embora com supervisão do professor.

Ainda sobre atividades:

As atividades devem ser organizadas ao longo da jornada di­ária, da semana, do ano, considerando diferentes modalidades de ocorrência.
Atividades permanentes ocorrem com regularidade e asseguram o contato da criança com rotinas básicas para a aquisição de certas condutas sociais e a vivencia com a maior diversidade possível de experiências lúdicas e culturais. (Acolhimento, higiene, alimentação, sono, acolhimento, arte, música, brincadeiras, rodas de conversa, jogos...).
Atividades eventuais ocorrem em determinados momentos e pos­sibilitam às crianças a ampliação de suas aprendizagens. (Organizar exposições e eventos festivos, preparar e\ou assistir apresentações culturais).
Sequências de atividades são atividades mais breves que necessitam ocorrer segundo determinada ordem, pois visam garantir aprendizagens es­pecíficas que requerem aprimoramento com a experiência e podem orientar brincadeiras, atividades de exploração e conhecimento do en­torno, da matemática, de linguagem visual ou musical, ou da linguagem oral e escrita.
O trabalho com projetospara as crianças maiores caracteriza-se por ser uma investigação que se desenvolve em um período mais longo e resulta em uma pro­dução das crianças. Ao desenvolver projetos as crianças se envolvem, plenamente, em seu processo de aprendizagem formulando questões, interagindo com os parceiros e com o professor e outras pessoas. Elas mobilizam suas habilidades na investigação e buscam solucionar um problema de seu interesse construindo e expressando ideias, fazendo escolhas, tomando decisões e estabelecendo relações com conheci­mentos anteriores. Na escolha do tema do projeto, o professor precisa criar um clima de interesse no grupo, procurar saber quais são os co­nhecimentos das crianças, sobre o tema em foco, estudar o tema para poder organizar o trabalho, envolver as crianças no planejamento do projeto, incentivá-las a formular questões, orientá-las na tarefa de in­vestigar o tema, propiciar momentos de discussão, dando vez e voz às crianças. Para as crianças menores, o projeto de trabalho parte do conhecimento que o professor possui sobre as características dessa faixa etária e de sua observação atenta sobre as ações, reações, interações e relações das crianças com seus pares, com os objetos e com o ambiente no cotidiano escolar. Durante e ao final do processo, é importante documentar, avaliar e socializar o desenvolvimento do projeto com as crianças, as famílias e os demais educadores.
Qualquer que seja a frequência de realização de uma atividade, a escolha do horário desta ocorrência favorece uma melhor organização da mesma e uma participação mais tranquila das crianças. Mesmo os horários de entrada e saída das crianças devem ser planejados, para reduzir a ocorrência de conflitos e possibilitar novas oportunidades de envolvimento das crianças em atividades exploratórias.
Preparar, no início do período diário, algumas atividades diver­sificadas em que o professor disponibilize para as crianças materiais sugestivos de atividades que já foram ou estão sendo trabalhadas, com o grupo, (tais como brinquedos, livros, papéis etc.), dando a elas por um pe­ríodo relativamente curto um acolhimento cuidadoso no momento em que chegam. Por sua vez, é conveniente criar um momento de envolver as crianças, em guardar os objetos utilizados, e na avaliação do dia no horário que antecede a saída da instituição. O momento de espera dos familiares, ao final do período, deve ser igualmente planejado, com a criação, nas salas ou no pátio, de situações interessantes para as crianças se envolverem enquanto esperam. Também é importante garantir espaços acolhedores para os pais aguardarem seus filhos quando vão buscá-los.
Além do tempo dado pelo relógio, o tempo histórico é outro com­ponente importante a ser considerado pela professora em seu plane­jamento, dado que as crianças trazem para o cotidiano da creche ou Educação Infantil, as marcas de sua época, além de suas histórias pes­soais. Nesse aspecto, um ponto que pode ser apontado como reflexão, diz respeito aos eventos comemorativos. Em relação a eles a equipe pedagógica necessita:

         avaliar se o sentido dado à cultura, em certas, festas é coe­rente com a proposta pedagógica da instituição. Não se pode comemorar algo sem pensar no que isto significa, em termos de valores, para as crianças e sem refletir se algumas crianças irão se sentir excluídas com as homenagens prestadas;

         reconhecer que a definição de quais eventos serão comemo­rados e o planejamento de como eles serão comemorados depende das aprendiza­gens que estão sendo trabalhadas, e não o contrário, não se pode plane­jar o currículo a partir de eventos, mas integrar os eventos mais significativos na programa­ção das aprendizagens. 

2. A ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO DE VIVÊNCIAS E APRENDIZAGENS

A organização dos espaçosdas instituições de Educação Infantil, assim como os demais elementos que estamos discutindo, apoia-se na proposta pedagógica construídapor sua equipe, para promover dife­rentes experiências de aprendizagem e garantir tanto continuidade ao que as crianças já sabem e apreciam, quanto à criação de novos conhe­cimentos e motivações.

VAMOS PENSAR

Observe e documente uma rotina diária e uma rotina semanal de sua turma de crianças e reflita: como as atividades são distribuídas ao longo do dia? E da semana?
Com que frequência as crianças brincam? Em que momento elas brincam? Por quanto tempo? Quanto do tempo diário é dedicado à leitura de histórias, mesmo para os pequeninos?
A duração e a regularidade com que as atividades ocorrem têm garantido a aquisição pelas crianças das aprendizagens previstas?
A criança passa muito tempo esperando entre uma e outra atividade que lhe é proposta?
Como é organizado o horário das refeições? E o horário de outros momentos dedicados ao cuidado físico das crianças?
Como o horário diário de atividades poderia ser aperfeiçoado, em favor de uma me­lhor aprendizagem das crianças?

Na realização dessa proposta, a tarefa do professor é criar espaços agradáveis nas dependências internas e externas das instituições e que possibilitem interações colaborativas das crianças nas atividades realizadas. As atividades propostas às crianças podem se efetivar em diferentes locais e estender-se à rua, ao bairro e à cidade, daí a preo­cupação com o arranjo também desses espaços.

Cada espaço deve:

         ser aconchegante, estimulante, seguro, asseado, organizado e bonito;
         garantir acessibilidade a crianças e adultos, com locomoção prejudicada, dentre outros; ter uma organização funcional para a realização de diferentes tipos de atividades, o que requer, por exemplo, providenciar que os materiais a serem usados fiquem próximos do local onde se fazem necessários;
         considerar se as atividades devem ser feitas em duplas, gru­pos de quatro crianças, ou devem envolver a atenção de toda a turma;
         apresentar periodicamente algumas novidades (novos arranjos no mobiliário, novos cantos de atividades) que as crianças possam incluí-las em suas ações. 

O arranjo do espaço deve constituir um ambiente onde as crianças sintam-se estimuladas a explorá-lo não apenas do ponto de vista mo­tor (engatinhando, andando, manipulando coisas), mas considerando também as sensações que estimula (os sons, cheiros, sabores, texturas), e o que a vivência naquele espaço provoca na afetividade (confiança, ou medo), cognição (ideias, imagens) e interatividade das crianças.
Uma forma hoje recomendada para a estruturação do espaço é pela organização de áreas de trabalho diversificado, os assim cha­mados “cantinhos”. Eles são importantes, pois favorecem a ocorrência das interações infantis e a boa realização de determinadas atividades. Assim, em cada sala da instituição de Educação Infantil podem ser or­ganizadas áreas que possibilitam que as crianças trabalhem, em duos, trios ou quartetos, em atividades de leitura, pintura, construção, mú­sica, teatro, faz de conta, tecnologias, de explorações matemáticas e de letramento, dentre muitas outras possibilidades.
O arranjo de espaços diversificados pode ser fixo ou arrumado, a cada dia, segundo a programação do professor ou as sugestões das crianças. Sem isto se tem espaços uniformes, massificados, áreas pouco dinâmicas, sem vida, onde parece que a preocupação é fazer com que todas as crian­ças façam a mesma coisa, ao mesmo tempo, e do mesmo jeito. Por que não pensar em ter, na mesma sala, recantos para atender os diversos interesses, ambientes onde a disposição dos materiais que os compõem, já, orienta as crianças sobre o que neles pode ser realizado? Isso pode ser feito com o material disponível, na instituição, não envolvendo muitos gastos. Da observação do professor sobre a interação das crianças nesses ambientes pode surgir um tema ou situação problema a ser resolvido por meio de uma sequência de atividades ou de um projeto de trabalho.
A área externa geralmente oferece uma série de desafios (mor­rinhos, áreas para correr, espaços para escalar etc.) que podem ser, diariamente explorados pelas crianças ao realizar diferentes atividades, seguindo regras claras. Seu uso deve ser planejado para evitar aciden­tes e brigas. Com o uso de materiais simples - como pneus, cordas e tecidos – pode-se criar no espaço externo desafios corporais e convidar as crianças à exploração. Além disso, há a possibilidade de saídas para explorar a praça, os arredores da instituição e outros locais.
Se um arranjo cuidadoso do espaço interno e externo da insti­tuição favorece as interações e as aprendizagens de todas as crian­ças, ele é particularmente importante para as crianças com alguma deficiência. A ordem nos equipamentos, sua permanência em deter­minadas posições nos locais, por exemplo, dão sentido de continui­dade às crianças cegas que se localizam por coordenadas ambien­tais, muito sutis e variadas, por exemplo.
É fundamental envolver as crianças no planejamento e na orga­nização do ambiente. Montar o espaço com as mesmas, a partir de uma história contada ou criada por elas, pode ampliar as possibilidades simbólicas do espaço, transformando-o em cenário para a brincadeira.
Para ampliar a dimensão de fantasia que se queira dar ao ambien­te, o espaço (a sala ou o pátio) pode ser enriquecido com materiais de cores diversas e objetos para compor um castelo, uma floresta, uma astronave, ou com tecidos que viram tetos de circo, cadeiras que suge­rem a existência de tronos ou bancos de um trem, e assim por diante. Na composição desses cenários, a participação das famílias e da comu­nidade na doação de materiais possibilita aos pais conhecerem mais e partilharem a proposta educacional da instituição.
Após a organização cuidadosa do espaço é importante o professor observar como ele é usado pelas crianças, para avaliar sua contribuição em relação aos objetivos pretendidos, o que pode levar a modificações do mesmo, seguidas de novas observações e avaliações.

3. A SELEÇÃO, DISPONIBILIZAÇÃO E CUIDADO DOS MATERIAIS

Além da organização de ambientes confortáveis e orientadores das ações infantis, cabe ao professor oferecer os materiais necessá­rios à participação das crianças em suas brincadeiras, à expressão das mesmas nas diferentes linguagens e ao trabalho delas em diferentes projetos de investigação e aprendizado.
O tipo, o número e a variedade dos objetos – brinquedos diversi­ficados e em número suficiente, livros, CDs, vestimentas, adereços etc. - e a forma com que eles e outros materiais são dispostos, no ambiente, são recursos usados pelas crianças para a realização de ações diversas.
O uso dos materiais de uma forma dinâmica, ajustada a cada situ­ação de aprendizagem, aumenta o interesse e a concentração das crian­ças, e deve ser feito de forma que elas se sintam corresponsáveis (junto com a equipe escolar) pela seleção, organização e limpeza dos mesmos.

Olhe para os espaços de sua instituição e reflita: os espaços utilizados pelas crianças são atraentes? Como estão decorados (cuidado com os estereótipos)? Eles são confortáveis para as crianças? E para os adultos? Eles são funcionais? São limpos? São preparados para cada tipo de aprendizagem que se pretende desenvolver? Há parque ou outro espaço externo? Eles são usados com frequência? Para que tipo de atividade? Eles podem ser reorganizados de uma forma mais dinâmica? Que tipo de organização você propõe que seja feito?

Como cada objeto pode criar diferentes oportunidades para as crianças agirem, é importante que o professor:

         analise os objetos que ele seleciona, em função das aprendi­zagens, que ele quer promover e dos sentidos que as crianças, através de suas ações, lhes atribuem;
         preveja e providencie com antecedência o material necessário para a realização das atividades: livros, tintas, argila, diferentes tipos de papéis e pin­céis, materiais para a construção de instrumentos sonoros, pa­nos e outros elementos para confecção de cenários e figurinos;
         ofereça, de modo equilibrado, brinquedos convencionais e ma­teriais menos estruturados, além de considerar as necessidades de crianças com deficiências visuais, auditivas, físicas.

O importante é não se ter uma atitude displicente, em relação ao tema, achando que a escolha atenciosa do material, a ser usado nas atividades, não é importante.

VAMOS REFLETIR:

Que tipo de material é oferecido às crianças diariamente?
Como é organizado o material usado para ajudar as crianças a aprender a cuidar de si (material de higiene, talheres, mochilas, agendas, livros, jogos)?
Quais os brinquedos que a instituição disponibiliza diariamente para as crianças?
Há material para a realização de desenho? De pintura? De atividade musical? O que se faz necessário providenciar nesses campos?

Muitos professores já trabalham considerando os elementos de estruturação dos ambientes de aprendizado que foram aqui discutidos. Outros estão começando a analisar a contribuição, dessa forma de or­ganização, para melhoria de seu trabalho pedagógico.
Pode-se, primeiramente, pensar em medidas gerais de arranjo dos ambientes, tais como as que foram apresentadas: analisá-las e refor­mulá-las de modo adequado às características das crianças atendidas, na proposta pedagógica da instituição e nos recursos que esta dispõe para implementá-la. A partir dessas medidas cada professor pode tra­balhar no arranjo dos ambientes de aprendizagem de um modo criativo e apropriado a cada situação. Em outras palavras, o professor pode considerar que cada aprendizagem por ele selecionada, como valiosa para ser promovida, junto às crianças, necessita que a preparação do ambiente para sua ocorrência ajuste cada um dos elementos que foram apresentados.
Importante é reconhecer que o papel fundamental do profes­sor não está em colocar-se no centro da atividade ou da atenção das crianças, está sim, na sua ação mediadora, intervindo direta ou indi­retamente, em cada situação, articulando as experiências vividas pe­las crianças, as experiências culturais e os objetivos educacionais, tal como recomendam as DCNEI.
Um bom espaço para que as reflexões, aqui, propostas aconteçam é a sua instituição de Educação Infantil junto com seus colegas, con­versem, troquem experiências, vislumbrem juntos novas possibilidades de ação, aprimorando cada vez mais a educação e o cuidado que já desenvolvem.
Desejamos a você e a equipe da instituição, em que você atua,um bom trabalho!

Texto extraído (com adaptações) das orientações curriculares para a educação infantil do Ceará.


Bem, um novo ano começou. Agora mãos a obra!

A primeira coisa a fazer é traçar as metas de trabalho para o ano, atualizando o PPP da unidade, lembrando que de acordo com as DCNEIsa “proposta pedagógica ou projeto político pedagógico é o plano orientador das ações da instituição e define as metas que se pretende para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças que nela são educados e cuidados. É elaboradonum processo coletivo, com a participação da direção, dos professores e da comunidade escolar.”.
Sendo assim, como devemos organizar nosso planejamento anual?

1. Metas institucionais - A direção organiza um plano de ação/metas - administrativo e pedagógico, de acordo com as necessidades apontadas na avaliação institucional realizada no final do ano anterior por toda comunidade escolar e com outras demandas observadas pela equipe.
Após definidas as metas institucionais, em outro momento faz-se necessário chamar a comunidade em assembleia para além de fazer a prestação de contas do ano anterior, mostrar as novas propostas administrativas e pedagógicas para o ano vigente e justificar os recursos a serem captados. Esta é a forma de os pais participarem da construção do PPP, conhecendo, sugerindo, aprovando e se colocando a disposição de ajudar na sua consolidação.

2. Metas de aprendizagem–são aquelas que se referem à construção do projeto pedagógico e do currículo da unidade, para cada turma e para todas as crianças respeitando fases etárias e especificidades individuais. Para isso, os professores precisam definir objetivos de aprendizagem para o longo do semestre e do ano.

Passos parao professor definir os objetivos de aprendizagem anuais ou semestrais para as turmas de crianças.

1. Partir da própria concepção sobre criança, infância, educação e desenvolvimento infantil, construída ao longo de sua carreira e formação docente.

2.  Buscar conhecimento prévio sobre sua nova turma, na leitura das fichas de anamnese e relatórios de avaliação das crianças dos anos anteriores.

3. Conhecer o contexto familiar das crianças, conversando com as famílias individualmente no dia a dia ou em momentos de reunião de pais.

4. Observar e escutar atentamente as crianças no período de acolhimento/adaptação em suas ações e reações sobre as propostas que lhes são colocadas e nas suas relações com as pessoas e com o ambiente.

5. A partir dos subsídios coletados nas ações acima, selecionar no documento de orientação curricular municipal os principais objetivos de aprendizagens a serem almejados para o ano ou semestre. Tais objetivos podem ser ampliados de acordo com as necessidades que o professor observou em sua turma.Não selecionar muitos objetivos de cada linguagem, pois se corre o risco do não aprofundamento das experiências. Três objetivos no máximo já dão um bom foco para o professor traçar suas estratégias.
No decorrer das propostas, dependendo do avanço do grupo, outros objetivos poderão ser acrescidos como metas.

6. Estando os objetivos definidos, estes serão sempre o ponto de partida para o planejamento das propostas pedagógicas a serem organizadas no tempo e no espaço do cotidiano escolar. As experiências poderão se articular entre atividades permanentes, atividades sequenciadas, projetos de trabalho e organização de cantinhos onde estarão disponibilizadas algumas linguagens podendo ser modificado periodicamente de acordo com as intenções educativas. O espaço externo também deverá ser bastante explorado como recurso de aprendizagem.
Obs.: O registro diário e o relatório avaliativo semestral deverão estar consoantes com os objetivos previstos para o semestre.

Os professores podem se reunir para trocar ideias e opiniões sobre a definição de objetivos para as turmas de acordo com as faixas etárias, porém as especificidades de cada grupo e as informações coletadas sobre essas crianças precisam ser levados em conta na hora de selecionar tais objetivos.


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10 erros mais comuns nas festas escolares
Aulas perdidas, desrespeito à diversidade cultural e à liberdade religiosa... Saiba como evitar esses e outros equívocos



Durante o ano, temos 11 feriados nacionais - na média de um a cada cinco semanas -, um monte de datas para lembrar pessoas (Dia das Mães, dos Pais, das Crianças, do Índio) e fatos históricos (Descobrimento do Brasil, Proclamação da República). Sem contar os acontecimentos de importância regional. Nada contra eles. O problema é que muitas vezes a escola usa o precioso tempo das aulas para organizar comemorações relacionadas a essas efemérides. O aluno é levado a executar tarefas que raramente têm relação com o currículo. Muitos professores acreditam que estão ensinando alguma coisa sobre a questão indígena no Brasil só porque pedem que a turma venha de cocar no dia 19 de abril - o que, obviamente, não funciona do ponto de vista pedagógico. 
Festas são bem-vindas na escola, mas com o simples - e importante - propósito de ser um momento de recreação ou de finalização de um projeto didático. É a oportunidade de compartilhar com os colegas e com os familiares o que os alunos aprenderam (leia mais no quadro abaixo). No entanto, não é isso que se vê por aí. A seguir, os dez principais equívocos dos eventos escolares.

1. Usar as datas festivas como base para o currículo
Essa palavra estranha tem origem na astronomia e dá nome a uma tabela que informa a posição de um astro em intervalos de tempo regularmente espaçados. No popular, o termo é usado no plural e significa a sequência de datas lembradas anualmente. Algumas têm dia fixo (Independência, Bandeira); outras, não (Carnaval, Dia das Mães). Até aí, nada de mais. O problema é quando a escola usa tudo isso como base para montar o currículo. "Planejar o ano letivo seguindo efemérides desfavorece a ampliação de conhecimentos sobre fatos e conceitos", afirma Marília Novaes, psicóloga e uma das coordenadoras do programa Escola que Vale, de São Paulo. Exemplo? Dia do Índio. A lembrança não envolve estudos sobre as questões social, histórica e cultural das nações indígenas brasileiras. Para haver aprendizagem, é preciso muita pesquisa e mais do que um dia festivo. Outro caso? Folclore. A escola é invadida por cucas, sacis e caiporas em agosto, já que o dia 22 é dedicado a ele por decreto. Ora, se o planejamento prevê o uso de parlendas e trava-línguas durante o processo de alfabetização e de estruturas narrativas, no ensino de Língua Portuguesa, que tragam informações sobre tradições, crenças e elementos da cultura popular, isso basta para que o tema seja tratado em qualquer época. Sem contar os tópicos cuja expressividade é questionável (Semana da Primavera) ou controversa, como o Dia dos Pais e o das Mães: "Enfatizar datas comerciais como essas é ignorar as mudanças no perfil da família brasileira, que nem sempre conta com as duas figuras em casa", completa a psicóloga.

2. Desrespeitar a liberdade religiosa
Dos 11 feriados nacionais, cinco têm origem no catolicismo (Páscoa, Corpus Christi, Nossa Senhora Aparecida, Finados e Natal). As escolas que seguem essa religião lembram as datas. O problema é que as escolas públicas também. Segundo a Constituição da República, o Brasil é um Estado laico, ou seja, sem religião oficial. Porém, em quase todas as unidades de ensino há algum tipo de comemoração: as crianças da Educação Infantil (não importa se têm ou não religião) se fantasiam de coelhinho e pintam ovos em papel mimeografado. No fim do ano, uma árvore de Natal, com bolas e luzes, é montada na recepção ou no pátio. Segundo o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nos anos 1990, a maioria da população brasileira (73%) é católica. Mas uma escola inclusiva não esquece que os filhos dos 15% de evangélicos e dos 12% de seguidores de outros cultos ou não pertencentes a um deles também estão na sala de aula, certo? Para Renata Violante, consultora pedagógica do Instituto Sangari, em São Paulo, os educadores não podem dar a entender que uma religião é superior a outra (quais são mesmo as datas importantes para espíritas, judeus, budistas, islâmicos e tantos outros?). Existem espaços próprios para cultos. Definitivamente, a escola não é um deles. As festas juninas são um caso à parte: elas se tornaram uma instituição e perderam o vínculo religioso. O enfoque folclórico, resgatando alguns hábitos e brincadeiras e a culinária do homem do campo, torna-as mais democráticas.

3. Confundir o currículo e o tema da festa
A festa não ter relação com o currículo é um problema. Mas outro tão grave quanto é usá-la como pretexto para ensinar. "Já que temos de fazer bandeirinhas para enfeitar barraquinhas, então vamos aproveitar para ensinar geometria", pensam alguns professores bem-intencionados, esquecendo que um ensino eficiente requer planejamento, avaliação inicial e contínua e uma sequência lógica que leve à construção do conhecimento. É como se, de repente, estimar a quantidade de pipocas no saquinho virasse conteúdo de Matemática.

4.  Subaproveitar as aulas de Arte
Não raro, o espaço que seria utilizado para essa disciplina é convertido em oficina de enfeites. Para colocar o aluno em situação de aprendizagem, é papel do professor de Arte propor atividades que favoreçam o percurso criador. "A subjetividade não pode ser ofuscada pelo sentido objetivo e funcional do ornamento, com caráter unicamente estético", afirma José Cavalhero, coordenador pedagógico do Instituto Rodrigo Mendes, em São Paulo. Na confecção de bandeirinhas, por exemplo, as crianças são orientadas a seguir um modelo preestabelecido sem dar espaço a suas marcas pessoais nem enfatizá-las. O modelo, que serviria apenas como referência para a elaboração de outras possibilidades, vira matriz para cópias - e a arte é um procedimento mais abrangente do que isso. A produção do estudante deve ter um propósito maior do que atender à expectativa do professor. "Caso a ocupação do ambiente festivo seja encarada como uma instalação ou intervenção artística, aí, sim, o aluno aprende em Arte", afirma Cavalhero.

5.  Estereotipar os personagens
Caipira com dente preto e roupas remendadas em junho, cocares e instrumentos de percussão em meados de abril. Esses estereótipos não correspondem à realidade. Homens e mulheres que moram no interior não se vestem dessa maneira, e os índios brasileiros vivem em contextos bem diferentes. "É inconcebível se divertir com base em elementos que remetem à humilhação e à ridicularização do outro", diz Mario Sérgio Cortella, filósofo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em sua opinião, essas práticas destoam da intenção educativa acolhedora e pluralista, pois, toda vez que se trata o outro com estranhamento, se promove a idéia de que há humanos que valem mais e outros, menos. "Quadrilha, sim, mas sem maquiagem nem fantasias grotescas que humilhem o homem do campo", completa Cortella.

6. Obrigar todos a participar
"Professora, não quero dançar", diz um. "Tenho vergonha de falar na frente de todo mundo", avisa outro. Quem já não ouviu essas frases dias antes de um evento escolar? Quando a festa nada tem a ver com a aprendizagem, os alunos não são obrigados a participar. Nesses casos, é proibido causar qualquer tipo de constrangimento a eles. Cabe ao professor colocar pouca ênfase nos momentos não relacionados ao aprendizado. "Imagine o que uma criança sente quando é colocada à força no meio da quadrilha. É uma atitude desrespeitosa com os sentimentos e a individualidade dela", afirma Maria Maura Barbosa, do Centro de documentação para a Ação (Cedac), de Paraupebas, a 700 q uilômetros de Belém. Ela afirma ainda que alguns pais optam por não se envolver por razões financeiras. "Quem não tem condição de arcar com uma fantasia para os filhos fica envergonhado e não participa. Fala-se tanto em inclusão, mas as festas às vezes excluem."

7. Não ter uma finalidade certa para os recursos arrecadados
Pequenas reformas, mobiliário novo, material pedagógico... Quando a verba que vem da secretaria não dá para comprar tudo, pensa-se em festa para arrecadar fundos. A comunidade é convidada, participa, gasta, e muitas vezes não fica sabendo o destino dos recursos. Pior, às vezes o dinheiro que seria usado na ampliação da biblioteca ou na compra de computadores vai para outro fim. A solução é divulgar o objetivo da iniciativa e prestar contas quando o bem for adquirido. Em tempo: a arrecadação sempre aumenta quando bebidas alcoólicas são vendidas. Renata Violante não acredita em meio-termo: "A bebida deve ser proibida. Os diretores que inventem outras maneiras de obter mais dinheiro".

8. Ter como objetivo principal apenas atrair os pais
Eles não costumam ir às reuniões, não conversam com os professores sobre o avanço dos filhos e mal conhecem a escola. Os diretores pensam: "Quem sabe, para se divertirem, os pais venham até nós". Embora os momentos de confraternização com os familiares sejam importantes, eles não devem ser a única maneira de envolvê-los. Reuniões marcadas com antecedência e planejadas para compartilhar o processo de aprendizagem e a produção intelectual, artística e esportiva das crianças são as iniciativas que exibem os melhores resultados quando o objetivo é atrair e conquistar as famílias.

9. Usar as festas como única maneira de socializar a aprendizagem
Um dos objetivos da escola deve ser exibir a produção intelectual e artística do aluno, principalmente aos pais, nas mais variadas ocasiões. Fazer uma festa é apenas uma possibilidade, por isso não deve ser usada em excesso. Geralmente, o caráter de recreação costuma dificultar a apresentação dos saberes. "Já feiras e exposições favorecem o foco no conhecimento e permitem ainda situações de comunicação oral formal, importante maneira de compartilhar o aprendizado", explica Maura Barbosa, do Cedac. Exemplos: um seminário sobre um conteúdo trabalhado em Ciências ou um sarau de poesia. (E, depois disso tudo...

10. Jogar tempo fora
Usar a sala de aula ou o período que deveria ser dedicado a atividades pedagógicas para os preparativos é um desrespeito com as crianças e com o compromisso que a escola tem de ensinar. "O diretor raramente investe na reflexão sobre os indicadores de aprendizagem dos alunos o mesmo tempo que gasta com a produção dos eventos. O professor, por sua vez, deixa de promover situações intencionais de ensino", afirma Maura. Se a festa não é concebida como maneira de contextualizar os conteúdos aprendidos, ela deve ser organizada sempre em horários alternativos aos das aulas.

Tem de ter festa!
Ninguém é contra festas, desde que elas sejam para recreação pura e simples ou uma maneira de socializar o aprendizado. As do primeiro tipo podem envolver todos e ser muito divertidas, desde que não ocupem o tempo de sala de aula na organização. Já as que são planejadas para finalizar o estudo de determinado conteúdo exigem muito preparo. Quando o evento faz parte do projeto didático, o tema precisa ser previsto no currículo (e é dispensável a relação com efemérides) e nada mais justo do que usar o tempo de sala de aula para a sua produção (que também envolve aprendizado). Antes de bolarem o evento junto com o professor, os alunos certamente serão convidados a pesquisar, levantar hipóteses, realizar diversos tipos de registros e trocar conhecimentos com os colegas. Já que a festa é uma das etapas do processo, fica proibido deixar alguém de fora. Se um aluno não quiser participar por qualquer motivo, cabe ao professor envolvê-lo e ajudá-lo a superar as dificuldades que surgirem, seja em relação a timidez, seja em relação a habilidades de comunicação.

Revista Nova escola.
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